Se eu existir, matem-me
25/11/2003
  Escreveu-se assim:

Quero um amor assim...

Eu quero um amor assim:
ser, estar e viver uma grande amizade,
que de tão grande, se torna uma cumplicidade,
e por haver cumplicidade, se respeita,
se busca, se deseja, se ama...

Quero um amor assim,
talvez como você,
que busca viver além das aparências,
um grande caso de amor,
que seja mais do que chama,
que seja uma fogueira amiga que indica direção,
como farol no caminho da vida, as vezes tão escuro,
que seja uma fogueira perene,
onde cada um coloque sempre um graveto,
mantendo sempre acesa a nossa paixão.

Quero um amor de rosto colado, de mãos dadas ao entardecer,
de telefonemas inesperados, de corpos suados,
de entrega e paixão,
de conte comigo, de estou aqui,
de muitas palavras, mesmo que em silêncio.

Quero um amor assim,
com o teu jeito, com teu sorriso,
sem o medo do passado e despreocupado do futuro.
Sabe de uma coisa?
Você é o meu número,
tem a exata medida da minha paixão,
esta noite eu te convido:
fica comigo, eu quero um amor assim...




Pois então retirem a parte
da paixão, das mãos dadas ao entardecer, dos telefonemas
inesperados... ficaria perfeito.
Sim, da paixão, porque a paixão é inimiga do amor, pois quando a
paixão de vai, o amor fica sem sentido...
Sim, das mãos dadas ao entardecer, porque para além do suor que suja,
as mãos transmitem os medos, os receios e o nervosismo de algo que se
quer mas não se tem a certeza...
Sim, dos telefonemas inesperados, pois prezo a minha noite de sono e
o meu momento de banho semanal...
Sim, ficaria perfeito, pois o amor seri apenas amor, o puro mais que
puro, aquele que nem em sonhos nos é possível contemplar....


Wolcit
 
09/11/2003
  PROVA DE VIDA - Computação molecular

É lugar-comum dizer que o DNA é a "molécula da vida". De há dois anos para cá, contudo, o DNA surge associado a um lugar menos comum: ele pode ser a "molécula dos computadores".

Em 1994, Leonard Adleman (o mesmo Adleman de quem já falámos a propósito de criptografia, no último número: é ele o "A" dos códigos RSA) publica um pequeno artigo na Science com o título "Cálculo molecular de soluções para problemas combinatórios". Nele descreve a construção daquilo que é de facto um computador que trabalha com DNA. Conta-se, a propósito, que numa conferência que deu no MIT, poucos meses depois, Adleman disse: "Meus senhores, apresento-vos o supercomputador do futuro: o TT-100", tirando do bolso um tubo de ensaio com uma solução de DNA. " TT queria dizer "Test Tube", tubo de ensaio; "100" designava a sua capacidade, 100 mililitros.
Como é que um tubo de ensaio pode ser um computador? Um computador é, genericamente, uma máquina para fazer cálculos, às quais se pode dar instruções e que nos dá respostas. O conceito abstracto não é novo: foi formulado por Turing nos anos 40, sob o nome de máquinas universais. A sua realização tecnológica é que varia: o facto de a maioria das máquinas que conhecemos como computadores serem constituídas por pastilhas de silício, um monitor e um teclado é acidental - consequência da microelectrónica ser a base tecnologicamente mais adequada para realizar estas máquinas. Mas não é essencial: as antigas máquinas registadoras de manivela eram máquinas de Turing.

O Problema do Caixeiro -Viajante

Adleman resolveu com a sua máquina de Turing, um computador molecular, aquele que é conhecido como o problema do caixeiro-viajante ou, em terminologia científica, o problema dos caminhos hamiltonianos dirigidos. Ei-lo. Suponham vocês que eram caixeiros-viajantes ou, se acharem mais dignificante, operadores turísticos e que pretendem visitar um conjunto de N cidades ligadas por uma certa rede viária, para venderem os vossos produtos. Nem todas as cidades, claro, estão ligadas directamente a todas as outras. O problema é desenhar um itinerário que parta da cidade I (onde o caixeiro está) e acabe na cidade N (onde já tem hotel marcado e vai passar a noite), visitando todas as outras, uma e uma só vez,(para não desperdiçar gasóleo). Um itinerário deste tipo chama-se um caminho hamiltoniano. Se impusermos a condição de as estradas terem sentido único, o caminho hamiltoniano é dirigido.
Convém dizer que o problema do caixeiro-viajante é importante por razões mais profundas do que poupar dinheiro às agências de viagens. Os problemas de teoria da complexidade computacional, de que este é um exemplo, podem dividir-se em duas classes: os de tipo P e os de tipo NP. Num problema P, o número de operações necessário para construir uma solução cresce Polinomialmenre (daí o "P") com a dimensão do problema. São problemas "fáceis". Por exemplo, somar dois números com N algarismos é um problema de tipo P: somar dois números com 20 algarismos leva essencialmente o dobro do tempo de somar dois números com 1O algarismos. Os problemas de tipo NP, Não-Polinomiais, são "difíceis": o tempo de resolução cresce exponencialmente com a dimensão do problema.
Embora pareça estranho, não se conhece nenhum problema NP! Isto não quer dizer que não existem problemas difíceis: quer dizer que, dado um problema "difícil", não sabemos demonstrar se ele é ou não NP. Consegue-se, no entanto, fazer algo de aparentemente mais espinhoso: demonstrar que certos problemas são "NP-completos" - isto é, que qualquer problema NP pode ser reduzido a ele. Assim, se pegássemos num problema NP-completo e o conseguíssemos resolver de forma "simples" polinomial^, isto quereria dizer que não haveria problemas NP: todos os outros seriam redutíveis a ele, e portanto simples. Isto é, a propósito. um bom argumento a favor de os problemas NP-completos serem de facto NP. O problema do caixeiro-viajante é NP-completo.
No seu trabalho, Adleman construiu um computador baseado no DNA para resolver o problema do caixeiro viajante com 7 cidades. Eis, em linhas gerais, aquilo que fez. Associou a cada uma das 7 cidades um pequeno cordão de DNA com 20 bases A, C, T, G numa cerra sequência. Isto é, tinha 7 tipos de cordões diferentes, todos de comprimento 20, cada um representando uma cidade. Podemos pensar neles como peças rectangulares de Lego, cada uma de sua cor: a cidade 1 representada por uma peça azul, a 2 vermelha, etc. Em seguida, criou cordões de DNA que representavam as estradas. Por exemplo, uma estrada que ligasse a cidade 1 à cidade 2 seria representada por um cordão de 20 bases em que as primeiras 10 eram as bases complementares das últimas 1O da cidade 1 e as segundas 10 eram complementares das primeiras 1O da cidade 2. Na analogia com as peças de Lego, a estrada entre a cidade 1 (azul) e a cidade 2 (vermelha) é representada por uma peça cuja primeira metade é azul e a segunda vermelha. O jogo da complementaridade das bases traduz-se, nas peças de Lego, na seguinte regra: duas peças só podem encaixar se forem de tipos diferentes (peças de cor única com peças mistas), e nesse caso apenas encaixam nas zonas em que têm a mesma cor.

Primeira computação molecular

Vejamos o que se passa quando fazemos uma solução que contém cordões que representam todas as cidades e todas as estradas. O DNA vai-se polimerizando à la Watson-Crick. Em metade do cordão que representa a cidade 1 encaixa metade do cordão que representa a estrada ligando as cidades 1 e 2; na outra metade desta, encaixa metade do cordão que representa a cidade 2. Em termos das peças de Lego, por baixo da peça azul, encaixa a metade azul da peça azul-vermelha, deixando a metade vermelha de fora - livre para receber, por cima de si, metade da peça vermelha. Se olharmos apenas para os cordões que representam cidades, ou para as peças de Lego de uma só cor, que ficam lado a lado, o que vemos é isto: à cidade 1 segue-se a cidade 2 - porque existe uma estrada que liga 1 a 2! Se deixarmos continuar o processo e no final lermos o resultado, ficamos com uma sucessão "admissível" de cidades: à cidade i segue-se a cidade j se e só se existe uma estrada que liga i a j.
Adleman misturou tudo num tubo de ensaio e esperou. Depois seleccionou os cordões de DNA com comprimento total de 140 bases (ou seja, olhou para todos os conjuntos de 7 peças de Lego encaixadas). Isso representa uma sucessão de 7 cidades compatível com a rede viária. De entre eles seleccionou apenas os que continham todos os 7 diferentes cordões iniciais - ou seja, todos os itinerários de comprimento 7 que visitam todas as cidades. O que sobrou no fim foi uma sequência de 7 cidades diferentes, estando cidades sucessivas ligadas por estradas - ou seja, a solução do problema. Estava realizada a primeira computação molecular.
A experiência de Adleman teve sobretudo valor de ilustração; serviu para mostrar que podem existir computadores bioquímicos. Qual a vantagem destes computadores bioquímicos?
Há várias vantagens. A maior é o extremo paralelismo. Um computador convencionai tem um processador super-rápido. Para resolver este problema o mesmo processador geraria sequencialmente todas as cadeias possíveis, uma de cada vez. Ora, um tubo de ensaio de 100 ml tem qualquer coisa como 10^14 cordões de DNA - e cada um age como um processador, fazendo do tubo de ensaio um computador ultraparalelo. Para cerros problemas NP-completos um computador sequencial é perfeitamente inútil. Por exemplo, o problema do caixeiro viajante com 80 cidades demoraria séculos a ser resolvido por um Pentium; mas demoraria a mesma semana, em princípio, a ser resolvido com DNA! E, se o exemplo do caixeiro viajante parece artificial, pense-se no seguinte: Lipton, meses depois do artigo de Adleman, mostrou como qualquer problema NP-compleio pode ser resolvido com DNA!

wolcit
 
08/11/2003
  Eu amo-te

Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.
Eu amo-te
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.
Eu amo-te
Em todas transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.
Eu amo-te
Em tudo que está presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda está ausente.
Eu amo-te
Desde a criação das águas,
desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.
Eu amo-te perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até que o universo cair sobre mim
Suavemente.


wolcit 
  Consientemente louco

Era uma sombra impugnável que arrancava das raízes os homens
consientemente loucos...
Na penumbra dos quadros pretos, com giz e uma esponja, brincam as
imagens das virgens que não eram virgens.
E nos seus corações brilhavam mil sois, como se fosse a última coisa
de maravilhoso que existia.
Mas na verdade, apenas na verdade dos anjos, eram raivas, que eu
assumia não querer compreender.
Deixem então sonhar, sonhar para que a minha consiencia possa elevar-
se no olimpo, e olhar para lá do universo apenas simplesmente louco...
Louco sim. Louco por um amor que não existe apenas na sua morte. E
quando eu existir, mata-me para este amor puro seja eternamente belo.
consistemente belo....


wolcit
 
Se um beijo é um erro estatistico, o amor é uma sombra chula

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